01 Crush Hi-Fi - Delete
02 Walverdes - Mesmo Assim
03 Grenade - Sweet Gloves
04 Pin Ups - Lack of Personality
05 Vacine - O Eremita
06 Universo Paralelo - Universal
07 Os Ambervisions - Eu Amo Ricky Martin
08 Astromato - Sem Saber
09 Madeixas - Drunk Joke
10 Tods - Saturday
11 Screams of Life - Moonlight
12 Enzime - Suicide Street
13 Pelvs - No More Excuses
14 Fuso - Terra de Heróis
15 Sanchez - Cidade das Flores Murchas
16 Thee Butchers Orchestra - Son of a Scorpio
17 Minds Away - Gjorn
18 Noção de Nada - Sempre Ter
19 Shed - Passion
20 Neo - Longe Daqui
21 First Resist - This Day
22 Dago Red - Marianne Teddy Bear and Flies
Texto do Jornal A NOTÍCIA em 08/04/2001
http://www1.an.com.br/2001/abr/08/0ane.htm
Selo joinvilense Estelar Music lança CD com festa
Quatro bandas fazem show hoje para celebrar o "Controle"
Rubens Herbst
Joinville - Pela segunda vez, o selo joinvilense Estelar Music rastreia a cena roqueira independente do Brasil e traz à tona boas novidades, condensadas na coletânea "Controle". As 22 bandas presentes - seis delas de Santa Catarina - contribuem com uma faixa cada, revelando um variada gama de estilos e uma qualidade que o grande público nem sonha existir longe das rádios e dos programas de auditório. O lançamento oficial do CD acontece hoje, no Big Bowlling, com a Festa Estelar, animada por Astromato (Campinas), Sanchez, Stereotroia (Joinville) e Low Tech All Superstars (Blumenau).
Depois de esgotadas as 500 cópias da coletânea "Em Órbita" (1999), a Estelar se uniu ao selo paulista Underpress para garantir uma prensagem maior (mil exemplares) e distribuição mais ampla do novo projeto. Nele, o esquema é diferente de outras coletâneas do gênero, em que as bandas pagam para participar e depois recuperam o investimento recebendo um determinado número de cópias. Já em "Controle", os grupos cederam suas canções gratuitamente, para em seguida adquirirem os CDs a preço de custo e revendê-los. Segundo Elton Costa, 23 anos, dono e faz-tudo da Estelar, esse processo tem menos riscos e a bandas - que normalmente contam cada tostão - não precisam desembolsar antecipadamente.
Se "Em Órbita" era dominada pelas guitar bands, "Controle" apresenta uma maior diversidade de estilos. "É para atrair um público mais amplo", explica Elton. Mas não pense em arroubos românticos, pandeiros ou barulheira extrema. Na maioria das faixas, devaneios guitarrísticos convivem com melodias harmoniosas e ganchudas, como demonstram Shed (Taboão da Serra - SP), Neo (Curitiba) e os campineiros do Astromato. Com duas demos e o CD "Melodias de uma Estrela Falsa", lançado no final do ano passado, na bagagem, o grupo está pronto para o estrelato com seu power pop com letras em português.
A face suave (com eventuais passagens noise) do estilo se revela nas canções dos cariocas do Pelvs, dos paranaenses Grenade (eminentemente acústico), Universo Paralelo (com pitadas orientais) e Tods (melancolia em dia de sol) e os gaúchos do Screams of Life, que fazem uma espécie de "MPB ruidosa".
Entres os mais afeitos à pauleira bruta, destaque para o hardcore destruidor do Noção de Nada e os gaúchos Walverdes, que comprovam, com seu fabuloso mix de punk e heavy, que são um caso único no Sul do País. Os melhores elementos do grunge (crueza, melodia e vocais fortes) formam o som do First Resist, de Santos, enquanto o Dago Red, de Fortaleza, joga Iggy Pop e Velvet Undergound no liquidificador do bom gosto. O melhor, no entanto, fica reservado para a violência dos consagrados paulistas do Pin Ups (ainda com Alê nos vocais) e de seus conterrâneos do Thee Butchers Orchestra, cujo psychobilly demencial é uma grata surpresa.
É preciso dizer, porém, que as bandas catarinenses não fazem feio perante os colegas de outros Estados. Vindas de Blumenau, Enzime, Madeixas e Minds Away mostram personalidade explorando diferentes vertentes do rock'n'roll. Enzime faz hardcore melódico com riffs e vocais de primeira; Madeixas compensa o som abafado com ótimas melodias e perfeita interação entre vozes femininas e masculinas; e o Minds Away aposta em fraseados delicados com um leve acento folk.
Os Ambervisions, da Capital, são apenas competentes em sua surf music, e o joinvilense Vacine presta tributo aos gloriosos Pixies em "O Eremita", sem envergonhá-los. Também de Joinville, o Sanchez reitera a premissa de que a garagem é o melhor lugar do mundo para se fazer rock básico e poderoso. "Cidade das Flores Murchas" não reproduz o ataque do grupo ao vivo, mas faz aumentar a doce sensação de que o disco de estréia já está demorando.